domingo, 11 de setembro de 2011

OS GUARDIÕES

Trancafiamos os anjos e libertamos os demônios que vagam diante de nossos olhos
Rasgamos os mapas que nos conduziriam a outros caminhos, e deles nos desviamos
Quando o amor recrudesce a cada respiração.
Em nossa loucura adulamos tal homem, que com sua tez de verniz nos arrebata
Nos imobiliza em camisas de força e vênus, das quais  não conseguimos escapar.
Com chitata nos fere, e nos corteja com uma coroa quando tentamos fugir
  Ato impossível, já assim sabido no início da ação.
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Entretanto, todos temos um guardião às costas. Um guerreiro, uma criança, um velho sábio, um anjo, mesmo que sem auréola
Cada um escolhe o seu e o lisonjeia
Não vencem nossas lutas porém nos inspiram, armeiros de nossos desejos, centuriões de nossa vontade
Diluem seu hálito silencioso nos sulcos de nossa consciência e aguardam
Ferozes como dragões nos defendem e o fogo magnífico que expiram à nossa volta cresta o solo
 O calor à terra fecunda para brotar novo gérmen.
Nos devolvem a chave de um passado morto e insepulto
Nos conduzem à porta que enfim o lacrará atrás das nuvens que já choveram
Em seus pergaminhos a sabedoria ensina a não assumir riscos incontroláveis, pois somente a própria força leva a uma luta justa
Contra àqueles de quem não podemos cortar as gargantas ou quebrar os ovos dentro das gônadas
Contra àqueles que nos enlouquecem e nos alçam aos píncaros de perversos desvarios.
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Mas deles afinal, num momento imperceptível, nos libertaremos sólidos
Cada um, solitária unidade na lâmina da própria vida 
Se reencontrará livre, e talvez feliz.
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Tela de Siegfried Zademack - Nasc.1952
Pintor Alemão Contemporâneo.

Terê Oliva
http://tereoliva.blogspot.com.br  



 

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