quinta-feira, 7 de junho de 2012

MENINAS & BONECAS



As meninas ainda brincam com bonecas.
Não mais as bonecas inertes, que nos cantos
Ou sobre a cama jaziam com seus membros espalhados
Sem nem piscar olho.

Hoje elas dançam, riem, dormem e se mexem nos sonhos
 Falam. O quanto, depende. O vocabulário equivale ao preço na caixa.
Declamam versinhos centenários que até bisavó relembra. 
Ficam doentes e esquentam de febre
Tomam injeção, choram na lagriminha que por pouco não cai
Logo ficam boas e prontas para outra. 
Comem, bebem, fazem xixi e a outra coisita mais.
Quando crescem, magrelas e lindas
Modelitos de filmes e canções
Passam logo a namorar, rapazes igualmente magrelos e lindos.
Assim, além de casa, comida e roupa lavada
Há necessidade de carros, mobílias, quinquilharias e mil tralhas
Que se espalham como vírus pelo chão e ninguém cata. 

Com bolso doído e coração molenga
A avó, pobre de marré, marré, marré
Passa ao largo das lojas de brinquedos e tenta
Outros cenários.
Chama as meninas para a roda, ciranda
Numa tentativa vã de escapar da numerosa prole. 
Porém, as pequenas mães se agarram às bonecas
Desejando companhia para a brincadeira que
Desde criancinha, ela sempre rejeitou.




Telas de Émile Munier - (1840/1895)
Pintor Francês.

Terê Oliva

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