quinta-feira, 28 de novembro de 2013

PRECIPÍCIOS SOBRE LUGAR NENHUM


Sobre precipícios
Caminhei entre as nuvens
Para lugar nenhum.

Talvez chegasse
Não fosse breve o meu desejo.

Tela de Habib Srour - 1860/1938 - Pintor Libanês.
Terê Oliva.

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

ESPELHO MEU


Espelho, espelho meu

Quem um dia já fui eu ?
Não essa, ela
Que agora se mira e não se vê.

Espelho, espelho meu
Em qual pedaço de cristal
Você me perdeu ?

Tela de Pietro Torrini - 1852/1920 - Pintor Italiano.
Terê Oliva
http://tereoliva.blogspot. com

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

ENQUANTO DESCASCO BATATAS...

"A Woman Peeling Vegetables"
William Kay Blacklock - 1872/1922 - Pintor Britânico

O tempo  atravessa a paisagem que se desfigura ante minha janela

Não há mais beleza no que ali sempre está.
Do lado de cá, sentada sobre a soma do irrecuperável

Irrito-me com o óxido nos olhos, os cortes nas mãos
Ao descascar batatas e cebolas para a fome de todos.

Busco o lápis de grafite mais escuro

 Papel que pela casa brota como erva daninha.
Ali mesmo, com as lágrimas de cebola a correr 

Ardendo nos campos da memória, escrevo dentro da cabeça
As causas e efeitos, premissas que nem a mim mesma convencem

Tampouco a qualquer outro.
Os ecos pontiagudos das minhas histórias já foram vasculhados
 Ganharam fé sem a minha assinatura

Nas quinas da curiosidade alheia.

Temo que tudo se perca, que tudo se torne equívoco antes de ser poema.
"Unable to Wait (1867)
Telemaco Signoriri - 1835/1901 - Pintor Francês.

Terê Oliva

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

SOBREVIVÊNCIA


Há sentimentos que, juro sobre a bíblia e na frente do espelho
Encarando a face da verdade sem cruzar dedos
Que nem resvalam em minha alma boa.
Essa ficou velha dentro do corpo velho, e de muito se livrou
Jogando ao lixo sem apegos ou hesitação, aquilo que desbotou
Ficou pequeno e menor que o mínimo.
Nada mais lhe serve ou seduz
Como a febre luzindo na serenidade do desquerer.


Porém, na noite escura lá fora ardem meus desejos nos porões das naus incendiadas
Pelas tochas das minhas próprias mãos trêmulas no frio da mentira.
Tudo que não quero pertence a outros, salvo a mágoa de não o ter.


"Clown Making" (1910) - Johnson Sloan - 1871/1951
Pintor Americano - Óleo sobre tela.
Terê Oliva
http://tereoliva.blogspot.com.br