Pisei areia, asfalto, lama
Andei na beira d'água
Entrei em buraco fundo.
Caverna vasculhei, subi árvore
Tropecei nos planaltos e planícies.
Mergulhei em plissadas ondas
De rio, mar e piscina, e nelas só não me afoguei
Porque viver na borda sempre foi destino.
Banhei-me em cachoeira fria
No chuveiro lavei dos pés o pó.
Corri, pouco, confesso agora
Que correr não é meu chão.
Descansei em rede, em cama.
Grama não, porque formiga morde e
Coceira logo não desgruda.
Passei perfume que disso gosto.
Pintei unha, mas quase nunca
Tenho preguiça e gasta tempo
Tempo que não tenho já que em livro uso
Dá mais prazer e extensão.
Penteei cabelos muito curtos
Desde menina cortados, quase menino
Tentei ficar bonita o mais que pude.
Usei carro, ônibus, avião
Avião sacoleja o medo, mas vai rápido.
Em selva jamais entrei
Que cobra assusta qualquer alma e
Veneno não só dói, mata
E morrer não está nos planos.
Não de tanto buscar amor novo
Que pelo jeito, parvo, bem se escondeu..
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Tela de Tamara de Lempicka - (1898/1980) - Pintora Polonesa.
Teresinha Oliveira
Terê Oliva
http://tereoliva.blogspot.com.br
Teresinha Oliveira
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