domingo, 17 de junho de 2018

NEM SEMPRE É JOÃO E MARIA



O amor, ave sem rumo marcado
Gaivota que atravessa o ar sobre o mar dos destinos
Voa livre em busca de pouso, areia ou pedra
Barco de pescador, vela de caravela
Leito de espuma.
Com sorte desse território se apodera
Nele é bem-vindo.

Na alma do outro repousa 
Abraça e dela não arreda pé
Porque pés amor de verdade não precisa
Basta olho no silêncio do encontro
Sem face, sem gênero, sem cor.
Se a muitos estranheza causa
A outros tantos mais amor suscita.

Nem sempre é João e Maria
Nem sempre é Maria e José
Às vezes é José e João
Às vezes é Maria e Maria.

Minúcias que no todo amoroso se perde
Dissolvem-se como gotas de chuva ligeira
Entre as tiras de um arco-íris
Para que o amor seja realmente o que parece ser 
E não haja nada a compreender.

Tela de Ramón Gutiérrez (1966) - Pintor espanhol contemporâneo.
Terê Oliva
http://tereoliva.blogspot.com.br

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