domingo, 14 de outubro de 2012

HOSANAS.

Deixa-me acordada a noite inteira
Não descanses de mim
Nem ouças meu múrmúrio ao dizer não.
Adoça minha boca com beijos rasantes
Em meu corpo exposto todo percorrido.
Balbucia segredos indecentes, obscenos
A quem ninguém mais confias.
Afaga meus olhos com teu olhar transparente
Sem nada a dizer por ser vão
Mas em brilho tudo dito.
Atiça meus pelos de emoção e frio de língua.
Arrepia-me cada centímetro de pele alva e nua.
Quebra os relógios, enlouquece os ponteiros...
Todas as ampulhetas do mundo destrói
Para que o tempo de mim te seja eterno.
Tranca portas
Em cortinas de veludo azul
Cerra do espaço qualquer pedaço de luz atrevida
Que não seja a que emana de nossos corpos
Pacíficos, suados no gozo
Plenitude domada na morte do desejo
Luto bendito
Em hosanas comemorado
Nos braços um do outro.

Tela de Tom Lovell (1909/1997)
Pintor e Ilustrador Americano.

Terê Oliva.

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