segunda-feira, 16 de setembro de 2013

CINZAS DA FOLIA



Deixei as horas arranharem as pontas dos meus dedos
Enquanto as recolhia do livro, na celeridade das areias de um tempo morto.
No silêncio, a mulher que escreve ri, um riso escandaloso diante das cinzas da folia.
Ela me olha de fora e, uma a uma, retira suas máscaras do último carnaval.
Abrigo-me no longo cansaço de fazer e refazer sem nunca pronto, mas ela, tal qual criança, arrasta a cadeira e caio ao chão.
Seu olhar me ergue.
Não gosto de admitir toda a minha esterilidade 
Todo em vão que adensa em minha pele e carne, que fura meus ossos.
Desconhecendo o querer, a frouxidão me faz o tato áspero ao deslizar na imaginação que se apaga.
Ela, cortesã das emoções soterradas, nesse estagnar também esvaece e me esquece no papel em branco.

Tela de Ivan Vladmirov - 1869/1947- Pintor Lituano.
Terê Oliva
http://tereoliva.blogspot.com.br




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