quarta-feira, 4 de abril de 2018

QUANDO O IMPOSSÍVEL NÃO ACONTECE

O impossível caminha à frente, deixando sulcos no lamaçal de enganos
Da mulher que repousa à beira d'água onde pé não alcança fundo
Agora sem outro percurso além do próprio desatino
Que pouco traz mas nada exige.

Ilha em si mesma, rabisca na areia perguntas engasgadas no tempo
E espera, em fio de nervo e aço. 
 Vez ou outra, entre as pedras da inutilidade surgem respostas que nem explicam nem convencem.

O possível que antes satisfazia, ri com escárnio ao desfiar seu novelo de equívocos
Enquanto mira com olhos rasos a patética criatura.

Febrilmente, ideias de lupa, intenta o sentido oculto das coisas
Das metáforas misteriosas que em poesia rimem sua busca.
Anseia diante da indiferença cósmica, refugiar-se na lucidez da própria síntese.

Porém, antes tarde do que nunca
Esbarra nos limites da paixão sem discernir causa e efeito.
Lógica, faz do indefinido seu remanso.

Assim fendida, assim íntegra, sendo sem ao menos ser
Teoria perfeita de si mesma
Recolhe as unhas de suas dúvidas nessa mandala de enigmas que é o amor.

Na penumbra de um sorriso íntimo
Que se espalha na face ao perceber sua fragmentada filosofia
Deita nas águas e deixa-se levar.

Tela de Anders Zom - 1860/1920 - Suécia.
Teresinha Oliveira
Terê Oliva
http://tereoliva.blogspot.com



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