Poetas capengas, sem fibra, sem fogo no rabo 
Entopem páginas e minha paciência, sem mais benevolência para com tantos. 
Seus amores de luas, quereres doces 
Enjoam a quem de amor já explodiu somente com o cheiro do quase 
Sangrou lábios no beijo, sujou o lençol onde tudo acontece. 
Amor que não se estende na cama pouco tem a contar 
Evapora do mel antes de se lambuzar no sêmen 
Assim, seco e desnutrido agoniza ante a antropofagia da carne. 
 
Rima pobre de amor com flor não convence ninguém 
Gastou-se no tempo dos hippies ingênuos que tiveram seus dedos em V quebrados 
Pelos imperadores modernos, pelos dominicanos de terno e farda. 
Borboletas saltitando no estômago é sinal de gastrite  
Morreram com a tuberculose dos românticos  
Que com o pé na cova mal tiveram tempo para descobrir 
Que amor não é rosa, é planta carnívora 
Não é passarinho, é ave de rapina. 
 
Amor é bicho bravo que ameaça com chifres, garras 
Fere, enleva, maltrata. Arranca pedaço e outro repõe mais bonito 
Quando não, deixa espaço para novo que porventura venha. 
Amor molenga, com diminutivos e eternidade no lombo 
Se encontra e se perde em cada canto mas não gruda 
Não ilumina o olhar do opaco ser, vazio dele até então. 
Tantas vezes, engana o pobre sujeito que por ele tanto anseia   
Com as artimanhas da sua ampulheta de desejos 
Que promete a graça mas nega o mérito. 
 
 
John Jude  Palencar - (Nasc.1957) 
Ilustrador Americano. 
Terê Oliva 
 
 
 
  |