Tela de Fernand Toussaint - (1873/1956)
Pintor Belga.
Hoje perdi um amigo.
Ele que comigo compartilhava horas de café e muitos cigarros ao filosofar sobre os descaminhos do amor, a existência da Deus, o shakespeariano 'ser ou não ser', o inelutável de onde vim para onde vou? Seu coração generoso não suportou o ritmo da vida e parou. Parou sem alarde, embora há muito mandasse recados que assim o faria. João foi para longe morrer. Amanhã, em Lisboa, seu corpo será devolvido à terra, mãe primal de todos nós, e enfim se libertará das mazelas humanas. Seu espírito, tão leve em vida, com certeza seguirá por novos caminhos. Caminhos que intrigavam a nós dois e que ele, viajante sempre de malas prontas, desvendará primeiro. Meu amigo João, tão querido que de mim não esqueceu nem nas horas mais tristes. Deixou meu nome e telefone na sua restrita lista de pessoas a serem avisadas de sua partida.
Seu namorado cumpriu o desejo. Hoje perdi um amigo, mas ganhei sua mais doce lembrança. |
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