terça-feira, 4 de dezembro de 2012

O CASTELO DE UM SONHO EQUIVOCADO




Poetas capengas, sem fibra, sem fogo no rabo
Entopem páginas e minha paciência, sem mais benevolência para com tantos.
Seus amores de luas, quereres doces
Enjoam a quem de amor já explodiu somente com o cheiro do quase
Sangrou lábios no beijo, sujou o lençol onde tudo acontece.
Amor que não se estende na cama pouco tem a contar
Evapora do mel antes de se lambuzar no sêmen
Assim, seco e desnutrido agoniza ante a antropofagia da carne.

Rima pobre de amor com flor não convence ninguém
Gastou-se no tempo dos hippies ingênuos que tiveram seus dedos em V quebrados
Pelos imperadores modernos, pelos dominicanos de terno e farda.
Borboletas saltitando no estômago é sinal de gastrite 
Morreram com a tuberculose dos românticos 
Que com o pé na cova mal tiveram tempo para descobrir
Que amor não é rosa, é planta carnívora
Não é passarinho, é ave de rapina.

Amor é bicho bravo que ameaça com chifres, garras
Fere, enleva, maltrata. Arranca pedaço e outro repõe mais bonito
Quando não, deixa espaço para novo que porventura venha.
Amor molenga, com diminutivos e eternidade no lombo
Se encontra e se perde em cada canto mas não gruda
Não ilumina o olhar do opaco ser, vazio dele até então.
Tantas vezes, engana o pobre sujeito que por ele tanto anseia  
Com as artimanhas da sua ampulheta de desejos
Que promete a graça mas nega o mérito.


John Jude  Palencar - (Nasc.1957)
Ilustrador Americano.
Terê Oliva






Um comentário:

Maria Rodrigues disse...

Excelente post.
Feliz Natal.
Beijinhos
Maria