quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

CADEIRA DE SEAGRASS.

Há tempos namoro na loja da esquina uma cadeira de Seagrass, fibra da longínqua China que olhos oblíquos trançam e retrançam, gerando tudo aquilo que possa ser trançado. 
Grama do mar, já me disseram os entendidos desses segredos de capim que ninguém por cá conhece. 
Tem ela suaves encantos, e desperta uma sensação de beleza que beira à arte.
Original e magra, por pouco esquálida, como dita a moda atual. 
Palha e madeira quase criam a imagem de uma ave exótica,dessas pernaltas que todos admiram a elegância mas ninguém sabe o nome. 
Como é próprio das aves voarem assustadas ao menor sinal de perigo, a cadeira parece olhar para os lados, ameaçando desabar sob qualquer corpo cansado que inadvertidamente se jogue sobre ela sem apuros, sem observações estéticas, como todo corpo cansado sempre o faz no buscar alívio de suas lidas.
Ah, frágil epifania, apesar de tão linda com suas plumas de caule, não me serves, apesar de cativar.
Preciso de solidez para repousar as noites da minha pesada alma.

Tela de Thomas Pollock Anshutz (1851/1912)
Pintor Americano.

Teresinha Oliveira.

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