domingo, 30 de junho de 2013

FÁCIL COMO RIMAR AMOR COM CÉUS AZUIS


Eu desisto.
Abandono na ardência do meu íntimo as questões que não posso adoçar
Com poesia de rimas e palavras de láudano.
Versos azuis de céu que não me cobre.
Não mais escrevo
Nem divido poemas com quem falta a cáustica arrogância para perceber
Que amor é tema pobre que na juventude morre, por sem força para além  sobreviver.

Esse amor que nas sombras da tinta se mostra um titã
Ao percorrer páginas e mais páginas que deleitam aos incautos
Com a fragrância das flores moribundas e a eternidade de horas findas
Não convence a ninguém que nos teares da poesia
Engolfa-se nos gestos inúteis da sua dor descabida.

Tentei as rimas pobres, os vocábulos mansos que tanto agradam a gregos e troianos
A cremosidade desse mingau que é servido com sabor inalterado a cada estrofe
Variado apenas no pó da canela ou nas colheradas de açúcar.
Fracassei, perdida nesse mar brando que não me desafia os músculos
Não me lava nem me apoquenta o espírito.

Sem tal, meus grafites se quebram como gravetos no vendaval e os papéis nele voam como aves assustadas.
Perco o sólido da matéria e a fímbria do motivo. 
A mão murcha e se esconde no meu bolso furado.

Tela de Julius Viktor Berger - 1850/1902 - Pintor Austríaco.

Terê Oliva

htpp://tereoliva.blogspot.com.br



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