Tela de Jeffrey T. Larson - (1962) Pintor Americano Contemporâneo.
O restaurante no enorme casarão fica ao lado da escola da menina, dona desse história e exímia pescadora de girinos; que não são girinos, ou são. Sabe-se lá... Com jeito de peixe são tratados como tal. Tais peixinhos minúsculos que, quando ela não está armada com latas ou copos descartáveis, tentam viver em paz no pequeno lago que dá um ar bucólico ao almoço do vez em quando, a faz perder o apetite. Os pobres, condenados à morte em vidros de maionese, garrafas de refrigerante e afins, mal duram algumas horas. Mas ela não desiste com esperança de vê-los crescer dourados. Este preâmbulo se faz necessário, para tornar crível as consequências dessas pescarias aparentemente inocentes. Avó é criatura tola e facilmente seduzida, suas ordens são de elástico. O "não" tem açúcar, e neto nele se lambuza e lambe os dedos. Já disso sabendo há muito, e usando tais regalias de amor aos extremos, a menina cismou de pintar o muro da casa da avó com água. Menos mal, pois o mesmo vive colorido com guache, que afirmam sair facilmente, mas creiam,não sai !!! Nem tempestade dilui as muitas mãozinhas coloridas. A tarde corre numa tranquilidade inesperada, quando o motivo de tanta paz se revela. A água-tinta é água mineral. Com o galão de litros e mais litros quase vazio a avó pede explicação, já sabendo que receberá o pedido de desculpas com seu jeito de criança injustiçada que não compreende tanto rebuliço por nada. À noite a paz voltou ao reino. Sozinha. Filme ou livro? Sempre uma decisão difícil.
Com sede e preguiça de ir à cozinha, ao ver uma garrafa de água sobre a mesa da sala, imaginou ser a água das pinturas murais da neta. Sem pestanejar, bebeu um generoso gole. Na manhã seguinte, com óculos, pegou a garrafa para jogá-la no lixo. De imediato viu que em sua superfície turva boiava um 'girino'.
Apenas e somente um, dos tantos. |
Um comentário:
Que encanto... Adorável conto, avó, neta e até mesmo o girino...
A felicidade é palpável sim!
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