segunda-feira, 23 de julho de 2012

OURO PARA AS FORMIGAS.

Tela de Adolphe Jourdan Conrad Beckmann - (1846/1902)
Pintor Alemão.


Jogar a aliança no mato, ouro para sempre perdido
Pão para as formigas, lástima na razão fria.
Rasgar papel, picar promessas e imagens
Com dedos rijos na pujança da loucura.
Como não evapora no ar, porque papel e lembrança fica
No gume da língua de fogo se queima, ou tentar assim se faz.


Lembrança quase mesmo não se tem.
Lembrança boa, das gordas, que lancetam as feridas da vida
De uso comum e amorosos planos.
Só as asmáticas permanecem arfando
Sob o teto onde se deita por não ter onde ir
Com as crianças sob as saias, assustadas entre as coxas.


Se o sim pudesse ser convertido em não redondo
No atrás do tempo em grãos desperdiçados...
Porém, o 'se' é a terra dos remorsos 
Dos equivocados que não expõem o peito
À sangria da própria alma em pânico
Frente aos caminhos dos quais foi banida.


Resta ao ser capenga, viciado no próprio drama
Atar os nós dos cadarços e seguir
O som do carrilhão que ao longe anuncia boas novas.

Tela de Giulio A. Rosati - (1858/1917)
Pintor Italiano.


Terê Oliva.

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