Tela de Pierre Puvis de Chavannes - 1824/1898 Pintor Francês.
Comeram um pedaço da lua O que restou da engolida treme num céu de meia-noite.
Na perseverança dessa escuridão uma sombra de vestido longo soluça. A amante, personagem de um triângulo escaleno, onde lhe cabe a menor quina
Chora uma tristeza comprida que não tem mais por onde se espalhar A não ser nesses campos de breu onde a verdade se desnuda e mostra as unhas No brilho das estrelas mortas, anos-luz distantes.
Tão humilde que chega a ser casta Tal mulher nessas estranhas horas caminha Alucinada pelas visões das lâminas da guilhotina Que ameaçam seu pescoço roxo de beijos proibidos.
Num cansaço absoluto desiste do amor indivisível. Que a outra o consuma e lamba Dentro da circunferência de ouro que um sacerdote traçou entre bençãos e promessas eternas Por Deus in loco sacramentadas correntes.
Que sejam dela os dias festivos, as hordas de olhares de repúdio e aconchego A saúde e a doença, a riqueza e a pobreza Os gemidos do sexo, os braços dados na velhice
O para sempre que se desfaz no tempo da primeira esquina.
Um fiapo de luar rascante lhe basta Para sob ele, leve de remorsos, caminhar sozinha. |
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