quarta-feira, 14 de agosto de 2013

POBRE DE MARRE DECI


   A velha senhora da tela de Anker, bem poderia ser irmã da minha avó Leonor, portuguesa bonita de olhos tão azuis e transparentes que nem pareciam de verdade. Eram gotas de céu no rosto claro com rugas de indeterminado tempo.
   Culta de muitos livros e Chopin ao piano, também tocava harpa, uma linda harpa que fascinava aos netos que nela não podiam encostar, com risco de ter um chinelo arremessado em sua direção. E que pontaria tinham aquelas frágeis mãos...
   A bela moça, rica de pais prósperos, acabou envelhecendo pobre de marré deci, e por muito pouco, quase nada, não morreu à míngua entre música e velhos livros.
   
               Tela de Albert Samuel Anker - 1831/1910  
                                      Pintor Suíço.

                                      Terê Oliva
                           

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