quarta-feira, 28 de agosto de 2013

TORRE DE PARÁGRAFOS


Eu sou a que escreve, a inventada através do grafite e das ideias desmoronadas
Entre altas e tortas torres de parágrafos sem setas 
No terreno improdutivo da minha imaginação.
Não sou aquela que cozinha, que toca o cloro até a vermelhidão das mãos na limpeza dos azulejos
Não sou a que pariu e educou os filhos entre limites de erros e  exasperação
Nem aquela que se veste de mim com saias de condescendência e consentimento.
Sou uma personagem de mim mesma, criada para atrás dela me esconder
Porque se assim não, a mulher que escreve explodiria, e fragmentada
se perderia para sempre.

Meu corpo e minhas memórias dissolvem-se numa consistência de gelatina
Entretanto, a caligrafia dela me compõe e recompõe, e nesse arcabouço de traços e pontos
Ela me sustenta e salva.
"Dansle Bleu" (1894) - Amélie Beaury Saurel - 1849/1924
Pintora Francesa.

Terê Oliva

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