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Eu sou a que escreve, a inventada através do grafite e das ideias desmoronadas
Entre altas e tortas torres de parágrafos sem setas
No terreno improdutivo da minha imaginação.
Não sou aquela que cozinha, que toca o cloro até a vermelhidão das mãos na limpeza dos azulejos
Não sou a que pariu e educou os filhos entre limites de erros e exasperação
Nem aquela que se veste de mim com saias de condescendência e consentimento.
Sou uma personagem de mim mesma, criada para atrás dela me esconder
Porque se assim não, a mulher que escreve explodiria, e fragmentada
se perderia para sempre.
Meu corpo e minhas memórias dissolvem-se numa consistência de gelatina
Entretanto, a caligrafia dela me compõe e recompõe, e nesse arcabouço de traços e pontos
Ela me sustenta e salva. |
"Dansle Bleu" (1894) - Amélie Beaury Saurel - 1849/1924
Pintora Francesa.
Terê Oliva
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