Tela de Julius Leblanc Stewart - (1855/1919).
Pintor Francês.
Eu vejo as crianças correndo através do sorriso das horas, na manhã da noite Um anjo caminha escondido na sombra que cada uma projeta. Eu vejo o sereno das horas nas nuvens que dançam lá no além do além céu. Eu vejo pintos, galinhas, gansos, cantando nos ninhos, no chão de lama que beira o rio. Ovos alimento, futuro, quebrados. Eu vejo piolhos nos pentes escuros, nos dentes, nos fios finos da luz prorrogada.
Eu penso na tristeza que me corrompe ante tudo que não pensei direito e não compreendo No meu estupor, ao sair pelas ruas atrás de mim e não me alcançar.
Eu penso nas pistas de batons que na corrida do amor só desastres prometem. Eu penso na peste chegando, no buraco negro, fim. No mundo, planeta corrompido pelos estúpidos, filosofias fragmentadas Esperanças cunhadas em barro. Eu penso no ronco dos poderosos, na vergonha do meu país que me ruboriza mas não posso negar. Eu penso no tanto que não deveria pensar.
Eu sinto, apesar, paz ao procurar escadas no teto que desaba sobre nós. Eu sinto que lavo a alma com pó de grafite e a estendo sem pudor devido Nas cercas baixas da vizinhança.
Por sorte a poesia é uma deusa encabulada, e seu pulsar Muitas vezes se oculta atrás da palavra dita.
O enigma, o apenas sussurrado, guarda sua beleza. Cabe ao outro, passante distraído, a emoção de sorvê-la
Se a encontrar. |
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