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Sairei pelas páginas rimando amor com flor. Usarei somente verbos da primeira conjugação. Para quem não sabe, os que terminam em AR. Ar com ar fica mais fácil rimar e não dá angústia no sentir e pensar. Lerei livro de auto-ajuda para a alma afiar, poesia para o corpo brilhar. Amarei um amor desembestado, que me levará aos píncaros do para sempre, onde é impossível se equilibrar. Mirarei estrela, conversarei com a lua, olharei céu até quase cegar. Beijarei um beijo tão doce que vai dar enjoo até nos estômagos incapazes de enjoar. Medirei saudade com fita métrica, lonjura pelo batom ainda a gastar. Segredarei indiscrições, fetiches, pecados, que a ninguém além do verso vou revelar. Esticarei lençóis de linho, talvez de cetim onde é mais prazeroso copular. Beberei champanhe num copo de leite. A flor... Fica mais bonito, apesar do risco de engasgar. Encontrarei minha veia piegas e a deixarei sangrar. Publicarei um livro de poesias e o venderei aos milhares, até enricar. Ilustração de Robert G. Harris (1911/2007) - EUA. Teresinha Oliveira. |
sábado, 2 de fevereiro de 2013
RIMAS DE AR.
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