domingo, 14 de abril de 2013

RENDAS DE SEDA


As palavras calmas não servem de renda para a minha poesia.
Não enfeitam nem me criam desejo de vesti-las de verso.
Preciso das que se encondem sob as pedras da memória
Nos armários trancados, nos livros todos que li e reli
Nos muitos e tantos que guardo e talvez nunca leia.
Com certeza faltar-me-á vida.

Gosto daquelas que ninguém recorda
Que quando aparecem todos se espantam e perguntam
Uns aos outros com o sem jeito da dúvida:
O que é isso? Será aquilo? Talvez outrossim.
Mas qual...
Ninguém lanceta um caroço da Língua
Necessária se faz paciência de dicionário.

Porém quando a desnudam
Encontram o brilho da sua beleza esquecida
Nesse esfarrapado vocabulário mundano
Onde caralho se tornou interjeição.

Tela de Pietro Antonio Rotari - 1707/1762
Pintor Italiano.

Terê Oliva.

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