"Louisa Hammond" Tela de Maria Anna Catharina Angelika Kauffmann - 1741/1807 Pintora Suíça.
Meus pensamentos se espalham sobre a mesa. Em cada veio do mogno, em cada reentrância de nó coagulam. São tentáculos de um polvo demente que escapa do meu domínio para abissais profundezas sem retorno. Não se ligam a mim, não são mais substância da mulher que tateia a invisibilidade das palavras.
Perco as chaves do portão do jardim onde desejava descansar nesse domingo O banco, as flores involuntárias, o cheiro de jasmim, o abacateiro Desaparecem nessa névoa que cinge as boas intenções do recado que escreveria.
Hoje as mães se regozijam. Dia escolhido para homenagens, perdoáveis exageros, auréolas, bulas de santidade. A minha, sábia, escondeu-se arrastando a minha infância para debaixo da grande mesa Onde a poesia me deixou falando sozinha. |
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