sexta-feira, 3 de maio de 2013

OLHOS ESTAGNADOS

A cidade acorda sob meus pés.
Da minha janela alta vejo seu despertar com meus olhos estagnados
Numa insônia de quase dias.
Há telhados e gentes, rotinas e meu cansaço
Num longínquo sono onde me desconheço.
O chumbo de minhas pálpebras não se derrete nos cílios.
Sinto a respiração no sangue que atravessa minhas veias
Penso no que não penso e deixo-me ir, inerte
Nos barcos que ao longe cortam a baía.
A carícia da paisagem onde não me incluo
Revela a fragilidade das horas inúteis do meu desassossego.
Uma brisa de sol se espalha pelo quarto.
Quisera ser o fantasma de um pássaro...
Não sei se durmo ou se desço as escadas.

Tela de Robert Alott - 1850/1910
Pintor Austríaco.

Terê Oliva

Nenhum comentário: