segunda-feira, 20 de junho de 2011

GRÃO

Nas noites dos dias que se alongam 
A pensar no que antes, sem tempo não fiz
Descerro as filigranas de saudade que meu útero
Caverna oca, em fios de sangue e ouro urdiu.

Encontro entre as pregas da mulher 

Aquela que a seus filhos pariu e alimentou
Com gorduroso leite, fêmea de bicho homem
Com amor no tanto quanto possível foi, por mais não saber como.


O amor é inexperiente, saltimbanco de estranhos palcos 
Mesmo que poetas esperneiem
Gritando aos quatro cantos da Terra suas maravilhas.
Ele nasce grão.

 Não cumpre profecia sem lançar raízes 

Ditador que encurralado, morre.
A si mesmo avilta quando sedento 
Se entre terras e rochas não encontrar um veio d'água.


Ao voltar a face no amarelo que o espelho reflete
Vívidas lembranças ao som de trompas se condensam
No retiro místico de um amor jamais imaginado
Que constrói ninhos e vivifica asas.




Tela de Louis Adan -1839/1937 - Pintor Francês
"Motherhood" - (1898)

Terê Oliva
http://tereoliva.blogspot.com.br





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