terça-feira, 21 de junho de 2011

O LOUVRE E A SELVA

     Nas viagens que meus pensamentos fazem ao folhear velhas revistas, encontro uma enorme poltrona esculpida em madeira e pintada com ouro, no estilo da monarquia francesa, onde e quando, luxo era sinônimo de poder.
   Para amenizar tanto requinte, seu estofamento é aquecido em  pele, de   onça ou  leopardo. Nunca distingui as pintas de um ou outro.
     O ouro e o felino sacrificado para aplacar meu cansaço... Eu, uma secular deusa pagã, que exige rituais sangrentos para garantir chuva e safra.   Ilusão para meu deleite, fantasias com que gosto de brincar  diante de tanta beleza, no conforto do meu corpo e dos meus olhos.
      O Louvre e a selva no equador do meu quarto.
    Assim penso, enquanto analiso o tecido que reveste e dá selvageria  à poltrona dourada que comprei sem o dinheiro que não tenho. Porém, imagem não tem preço, é leve, e posso materializá-la em qualquer canto de minha casa.
     Que posso mais pedir aos Luízes, além do livre acesso aos espelhos de Versalhes? Ou ao Tarzan? Também rei, só que menos vestido e elegante ? Talvez guias seguros para comigo explorar os templos perdidos da floresta que criei aqui sentada.
     De pernas para o ar, linda, com os cabelos ao vento, monto no selvagem animal e sigo em busca de terras novas, de aventuras dignas de serem contadas nos grandes livros que jamais escreverei.


             Tela de John Naler Collier - (1850/1934)
                                Pintor Inglês.

                             Terê Oliva



                                                                                 
      
                                                 

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