Nas viagens que meus pensamentos fazem ao folhear velhas revistas, encontro uma enorme poltrona esculpida em madeira e pintada com ouro, no estilo da monarquia francesa, onde e quando, luxo era sinônimo de poder.
Para amenizar tanto requinte, seu estofamento é aquecido em pele, de onça ou leopardo. Nunca distingui as pintas de um ou outro.
O ouro e o felino sacrificado para aplacar meu cansaço... Eu, uma secular deusa pagã, que exige rituais sangrentos para garantir chuva e safra. Ilusão para meu deleite, fantasias com que gosto de brincar diante de tanta beleza, no conforto do meu corpo e dos meus olhos.
O Louvre e a selva no equador do meu quarto.
Assim penso, enquanto analiso o tecido que reveste e dá selvageria à poltrona dourada que comprei sem o dinheiro que não tenho. Porém, imagem não tem preço, é leve, e posso materializá-la em qualquer canto de minha casa.
Que posso mais pedir aos Luízes, além do livre acesso aos espelhos de Versalhes? Ou ao Tarzan? Também rei, só que menos vestido e elegante ? Talvez guias seguros para comigo explorar os templos perdidos da floresta que criei aqui sentada.
De pernas para o ar, linda, com os cabelos ao vento, monto no selvagem animal e sigo em busca de terras novas, de aventuras dignas de serem contadas nos grandes livros que jamais escreverei.
Tela de John Naler Collier - (1850/1934)
Pintor Inglês.
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