segunda-feira, 5 de março de 2012

NA PINCELADA SUAVE...


Algo de fortemente familiar 
Na mulher do quadro em cores claras.
Enternece minha memória que voga
Através dos mares que não naveguei.

Talvez tia, prima de grau perdido
No século em que era eu vaga poeira de estrela
Sem brilho, sem o dom da vida
Descarnada promessa de ser, ainda um dia.


Olhos verdes com inexpressivo cuidado das emoções ocultas
Nem mesmo tristeza que se intui, mas jurar não se pode.
Ovalada face, bonita, que o artista na pincelada branda
Retocou delicada como cheiro de hortelã.


Minha prima, minha irmã, minha amiga
Revela nome e morada para receber uma carta, contando que
O pássaro do tempo, ao desvendar tintas e mistérios
Trouxe a mim teu retrato. 




Tela de George Lawrence Bulleid - (1858/1933)
Pintor Britânico.


Teresinha Oliveira.

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