terça-feira, 27 de março de 2012

SEM TEXTO E CONTEXTO

Meu amor é sem texto e sem contexto.
Enganou-se sempre no próximo passo
Ao despencar de barrancos e pisar em falso.
Torceu pé, rachou unha

Quase explodiu o miocárdio, mas aguentou firme a mazela
De chorar escondidinho e fingir que nada aconteceu
Ou que pouca importância tem uma alma rejeitada
Porém doer, doeu.


Mas dor de amor, apesar de quase física

Insônia, olho vermelho, jejum, comprimido
Dói menor que se supõe ou se aparenta.
Emagrece o sofrido, o que lá é muito bom
Torna vaidoso o pobre infeliz ao se ver livre
Disponível para novas aventuras e erros toscos.


Cupido cego flecha a esmo e não dá para escapar
Nem possível é se ocultar atrás da janela fechada
De um não que no fundo é sim.
Espantoso seria calar na boca e no espírito

A decisão que mais parece de Ano Novo
Repetida vezes sem conta aos próprios botões
Promessa já na origem quebrada de nunca, jamais 
Em tempo algum a ninguém amar de novo.


Qual o mais frágil nessa história toda
Aquele que se esconde atrás do escudo de papel 
Ou o crédulo amante, míope sem lentes?


Tela de John Spencer Rodam Stanhope - (1829/1908)
Pintor Inglês.



Terê Oliva
http://tereoliva.blogspot.com.br

Nenhum comentário: