quinta-feira, 17 de novembro de 2011

TEMPORAL.

Como se o céu bem zangado
Dos ímpios quizesse
As almas salvar
Raivoso desaba.
Qual lavadeira teimosa
Com mancha amarela
Que em seu capricho tenta
Dos rios as águas esgotar.

Cai a chuva sem trégua
E a todos imobiliza.
Guarda-chuvas inúteis se rendem.
Pessoas se encolhem nas portas de bar.
Cheiro de chuva
De suores da gente mal limpa
Desodorante barato na labuta já gasto
Logo se espalha.

Todos ali permanecem
Unidos na fé do logo passar.
As nuvens trabalham
Cumprem missão.
Como se anjos meninos
Infernais querubins
Despejassem de seus cântaros
Água fria nos pobres mortais.

Mais mortais que costume
Sob corrompidas marquises
Que prever desastre ninguém parece.
Orações murmuradas
Sob relâmpagos e trovões
Rogam a Deus, Santa Bárbara
Iansã para alguns.
Muitos outros, amor de vela e promessa.

A natureza brinca
Com as forças do céu.
Estremece ruas, rola pedras, escurece o dia
Ante o medo geral de raio e afogados.
Se diverte com os homens molhados
No futuro breve resfriados
Que impacientes esperam
As águas secarem para da vida cuidar.


Tela de Manuel Lopez Herrera  (1946)
Pintor Contemporâneo Espanhol.

Teresinha Oliveira.





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