terça-feira, 22 de novembro de 2011

TORTUOSAS TRILHAS.

São tortuosos os caminhos que a ti conduzem.
Nos vãos da vida, sozinho te ocultas.
 Um emaranhado de dias e nós da tua ampulheta ilógica escoam
Como se cada grão de areia fosse ao mar primaz devolvido
No bico de uma gaivota ligeira, que no frenesi do vôo perde-se
Arremessada às rochas pelos ventos vorazes
Que escapam de teus cabelos prenhes de loucura.


Expias o dom da vida como se viver pecado fosse.
A todos estampa com ariscas pinceladas, numa tela surreal sem moldura
Pendurada sobre tua cama sem sonos.
As imagens, cada vez mais pálidas evaporam
Através de teus dedos magros e líquidos.


Não suporto a dor da fuga, a camuflagem da indiferença.
O que temes?
A intensidade do meu amor ou a inexistência do teu?
A paliçada é firme e minhas escadas frágeis
Como frágil é meu corpo ao galgá-las.


Visto armadura e moldo asas com cera e cerdas.
Sobrevôo os porões de tua alma com um gosto agridoce na boca
Buscando lembranças aliadas de um tempo esgotado.
Ícaro metálico com medo do sol, me arrisco.
Artesã de afetos sem solo para fincar os pés 
E ofertar, em minhas mãos de hiatos, um renascido desejo.



Tela de Siegfried Zademack - (1952)
Pintor Alemão Contemporâneo.

Teresinha Oliveira. 

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