Tela atribuída a Pietro Antonio Potari - (1707/1762) Pintor Italiano.
Ele a traía com toda a pujança do seu desatino.
Havia um quê de malquerer, de incontido rancor
Que ela não conseguia entender.
Seu toque tornara-se sacrílego, sua boca um abismo
Sua voz, eco de geleiras longínquas
Suas mãos, fonte de peçonha a desaguar no leito vazio.
O tempo, sádico como é e sempre o foi
Corria incólume rente ao inquisidor destino
Quebrando vértebras e comendo a carne da perdida
Que no gume de uma adaga esperava, unha-calcanhar
A revelação desse oráculo sem lógica ou motivo.
Os outros, impostores sacerdotes
Refastelavam-se na bonança da própria vida
Sem no terreno de areias movediças ousar pé.
Via-se então ela sozinha
Secretando nos recessos rodopiantes da mente
O leite da dúvida sem uso.
Quando a verdade rasgou as escarpas do futuro
E as ruínas revelaram-se tal e qual
Não mais havia como escapar dos escombros caídos
Sestro reverso partiu suas costelas e deixou fugir o ar.
Morreu asfixiada, aquela que no amor crera. |
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