Tela de George Lawrence Bulleid - (1858/1933)
Pintor Inglês.
Os versos me surpreenderam a caminho da sala enquanto atravessava os ângulos da varanda, retas onde gasto muito passo e distração com grama verde e passarinho perto.
Susto de gente grande, mal surgindo a manhã.
Corri, atrás de papel e qualquer pedaço de lápis que resolvesse a questão do escrever.
Das canetas, sabiamente de pronto desisti. Caneta é objeto diabólico. Torna-se invisível no momento urgente e, se e quando dá o ar de sua graça, irônica se recusa a qualquer traço de tinta. Resseca, entope e te faz de bobo.
Porém, não alcancei nem o papel nesse arrebatamento inspiratório. Um grito de criança ou meu nome por alguém chamado me distraiu. Erro fatal nesse relacionamento íntimo com a palavra.
Eu, escriba de letra bonita e ralo talento não posso me dar ao luxo de perder palavra no ar, que dirá um verso inteiro. Palavra é dádiva que não se desperdiça. Chuva caída do céu que irriga o branco da página e cria tempestade de poesia, que em seu furor o mais recôndito do ser revela, até para si mesmo, que de outro modo assim não se saberia.
Com o verso preso na insídia da memória, renunciei ao poema.
Fui tomar café e deixei para outro dia. |
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