Tela de Charles Louis Muller - 1815/1892. Pintor Francês.
O vinho tinto me ferve na face, acorda os dragões
Através da vida acorrentados na pedra da calma.
Talvez seja esse seu maior atributo A cerne das uvas vermelhas Presente de Baco, deus antigo Que revelou seu fermento Aos homens sóbrios de quem se apiedou.
Revive a alma dura No cristal lapidado à mão. A cor sanguínea alaga os porões Nuvens fervilham Grãos bailam e agitam os desejos Velhos desejos que estarrecem A face no vidro da taça refletida.
A juventude que se foi Não carregou com ela a vontade de boca e carne Umidade que lubrifica todos os lábios.
Gotejante tempo que se esvai em rios Seiva bendita das horas loucas.
Mas a taça está vazia E ele ronca... |
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