Domingo é dia de macarrão, comprado em quilo ou meio no mercado
Não mais o gostoso, elaborado fio a fio por muitas mãos femininas, e algumas masculinas que atrapalhavam
Casa de avó com pés na Itália, personagens de romances e aventuras que de lá por aqui quedaram.
Também muitas tias que dessa comilança entendiam
Também muitas tias que dessa comilança entendiam
As meninas, também os meninos, primos de perder a conta
Queriam meter a mão na massa, esticar fininho, cortar
Pendurar para secar enquanto a água não fervia.
Nuvens de farinha, cabelos, braços, roupas, chão...
Divertido branco.
Gargalhadas, sermão de tia irritada
Com tantos pedaços quebrados, inúteis, desperdício de comida.
O barbante, varal do macarrão ainda úmido arrebenta
Macarrão p'rá todo lado.
Segura o Barão!
Barão, cachorro velho de casa, abdica do seu título de nobreza
Come no chão mesmo, sem dar importância
Aos espantos e passa-foras.
Faz mais massa, pega farinha, ainda tem ovos?
Amassa, estica, corta fininho, pendura para secar
Brincadeira perde a graça e ainda demora comer.
O avô mexe o doce em calda na panela de ferro
Com panos enrolados até os cotovelos
Para se livrar dos respingos ferventes.
Todo mundo ocupado.
Seca a massa, descasca tomate, soca alho
Pica cebola bem miudinha senão o pirralho não come.
Mexe a fruta que desfez no açúcar
Coloca o bolo de chocolate na geladeira, ajeita um lugar
Não! Nem um pedacinho...Depois come tudo, é a sobremesa
Coloca o bolo de chocolate na geladeira, ajeita um lugar
Não! Nem um pedacinho...Depois come tudo, é a sobremesa
Cuidado! Não quero criança na cozinha.
A garotada que mora longe um do outro, e por tal quase não se vê
Mas se gosta, logo arranja o que fazer.
Quem fuma, rouba cigarro dos mais velhos
Vai para a vila fumar.
Quem é de conversa, coloca os assuntos em dia
Quem é endiabrado, arranja cúmplice e vai fazer o que não deve:
Pular em cama, fuçar armário, beber vinho escondido
Desarrumar a casa inteira.
Quando a barriga está prestes a roncar um grito se ouve
A mesa está pronta! Vamos almoçar!
Ninguém ainda sabia, mas desmanchando na boca
O macarrão se tornou lembrança.
Terê Oliva
http://tereoliva.blogspot.com
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