Tela de Konstantin Egorovich Makovsky - (1839/1915) Pintor Russo. 
 
Quase nua caminha a mulher pelos paralelepípedos  
Arrastando seus trapos de passado  
Na brusca manhã de sol vermelho. 
Dormira um sono leve e breve, cercada por seres mágicos 
 Que logo evaporaram na realidade do sonho esquecido. 
Esgotada de sono, de si mesma sempre sozinha 
Abre com mãos de véspera o horizonte fora de prumo. 
 
Recolhe o pouco de um velho amor que restou e a linha atravessa 
Deixando pegadas nas trilhas que a conduzem  
Para um reino novo 
Onde, num redemoinho de imaginação pinta 
Com a tinta que de seus olhos escorre 
-Aquarela de lágrimas- 
Uma floresta no tempo perdida. 
 
Muralha de árvores e águas de rio lustral a ocultam 
Das palavras daqueles que nos delírios não creem. 
Cata pelo chão galhos e pedras, pedaços de ossos, pelos de quatro patas 
Penas de pássaro grande, cores do que mais surgir. 
Com tudo monta, feiticeira de querelas 
O ser ao lado do qual se deita, amante. 
Assim frouxa, sob a égide da fantasia consumada 
Pode enfim se livrar dos grilhões que no exílio do impossível a mantém. 
 
Bem sabe que voar na poesia para além do devaneio e pisar no real 
É questão de tempo 
Mas até lá, descansa. 
 
Terê Oliva 
http://tereoliva.blogspot.com.br | 
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