quinta-feira, 17 de maio de 2012

GALÁXIA

Atravesso sem temer 
Nua do corpo que em névoas esvaece
A Rosa dos Ventos entre meus seios cultivada.

Através das constelações de todos os signos viajo
Sacio a sede na Grande caçarola da Ursa
Esbarro em Orion e quase toco a Polar.
Sigo etérea sem membros, sem cabeça 
Entorpecida pelo perfume da Rosa
Para o norte, ou leste onde o sol nasce
Mistérios orientais que talvez acolham
 A hóspede estrelar sem destino.

O silêncio pendurado nos sinos de strass

Numa teia de aranha em nós de luz
Goteja, nos olhos que já não existem
Os planos e vértices de uma galáxia nova.
Lá. Além de qualquer onde
Ponto perdido em que os loucos são normais
Ninguém cresce, ninguém chora 
Morrer então nem se conta
Brota flor nas areias do tempo
Bicho fala, árvore canta
Rocha brilha nos veios expostos a revelar caminho.

Poeta ri da própria dor que passa sem o sal das feridas.

Filósofos acariciam as barbas.
Em cada pelo caído, delirante ideia surge.
Com as dos cientistas, profetas, escritores 
Se entrelaça montando uma guirlanda
De novos mundos e promessas.

Enfeito com margaridas essa guirlanda
Por tantos sábios criada no deleite de imaginar.
Sobre os cabelos de cada vértebra 
A prendo com grampos de ouro.
Na revoada dos discos voadores, junto sigo
Em meu sonho cuidadosamente guardado:
Girar, menina sem memória  
No carrossel dos Pégasus sem freio.



Telas de Edward Robert Hughes - (1851/1914)

Pintor Inglês.


Terê Oliva.

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