Penas!
Que penas eram essas que faziam voar palavras e livros inteiros sobre as planícies brancas do papel?
Talentosos autores escreviam seus clássicos manchando as mãos, e tudo em volta, com a tinta que espargia das asas do muito tinham imaginado e queriam contar.
Impossível pensar em Goethe, Shakespeare, Baudelaire e tantos outros, depenando os incautos seres alados que em suas janelas pousavam. Minúsculos penachos não supririam a genialidade da Literatura Universal.
De que ave foram arrancadas para a digna função?
Corvos parecem perfeitos para histórias de terror e cemitério, como colibris e rouxinóis despertam sonetos que no peito do poeta dormem.
Avestruzes conduzem à África, e ao viajante que traça mapas e cria suas aventuras através de naufrágios, de novas terras e povos.
Corujas suavizariam os massudos compêndios filosóficos, pombos assinariam armistícios e papagaios coloridos, tão alegres e barulhentos quanto as crianças, contariam que seres mágicos existem e bichos falam no País do Faz-de-Conta.
Porém nenhum deles, com certeza, foi o escolhido para a missão.
Penas! Que penas?
Gansos! Penas de ganso...
As elegantes aves de pescoço torto, cujas penas hoje enchem nossos travesseiros, não escaparam de um destino mais nobre, embora doído.
Nas mãos dos amantes das Letras eternizaram, mesmo sem o saber, um legado de sabedoria e arte.
Tela de Jean Louis Ernest Meissonier - ( 1815/1891)
Pintor Francês.
' A Poet '
Teresinha Oliveira. |
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