quarta-feira, 11 de maio de 2011

OS LIVROS QUE ME PERSEGUEM...

Minha vida corre serena, porque serena a moldo longe de todo movimento que me conduza além dos pórticos há muito delineados. Meu traço é curto e meus braços fracos, e ambição me falta para algo além.  Se não desfruto de aventuras ou grandes amores, também assim me esquivo das perfídias, dos naufrágios, de corrompidos quereres. As feridas e alegrias que ostento me bastam e  gastei décadas para ungir em benção a cada uma.
Meu prazer é profundo e custa pouco ao meu bolso com moedas contadas; se outros desentendem e definem sem encantos meus dias calados, tal julgamento só a eles cabe. Se continuarem a me presentear com livros, novos e lidos, que por desgosto ou falta de espaço em seus apartamentos modernos vêm escalar minha pilha já com tantos, permanecerão amigos.  
Se parecem inanimadas minha torre literária e a estante com filmes, ledo engano. Elas mandam recados e muitas vezes expulsam, com gritos ou murmúrios, algum ente que sai do seu canto quase sozinho e passeia pelos meus lugares, mais que companheiro, quase irmão.
Foi mesmo assim que "Água para Elefantes", da Sara Gruen, empurrou os algozes que o sufocavam sob tanto peso e desfrutou férias na minha cama. Curtas férias é verdade, mas a culpa não é minha se ele é magro e exige poucos cuidados. Assim o li, e gostei. Logo assistirei ao filme que já produzem.
Ele me pareceu um sujeito mal vestido em sua capa de mau-gosto, que nada prometia a qualquer leitor. Mas vi ser verdadeiro o velho ditado: "Nunca julgue um livro pela capa."
"Um Cântico para Leibowitz", já velho e querido, mandou-me recado através de um programa de entrevistas, onde um culto jornalista afirmou ser ele o melhor livro de ficção científica que já lera.
Nem mais sabia onde descansava meu volume de capa dura, da época do 'Círculo do Livro', que já aposentara por anos de serviços prestados.  Logo lembrei-me dos merecedores de releitura que guardo num canto carinhoso; porque reler leva à compreensão maior ao eliminar a ansiedade da primeira vez.
 Lá estava ele, nos desertos e mosteiros que Walter Miller Jr. criou, esperando como tantos outros, uma  sobra de meu tempo ou um fiapo de recordação que a ele me retornasse.
Nessa maluquice de leio, não leio, releio, desisto, insisto, os livros acumulam-se numa velocidade de biblioteca, e eu já meio cegueta e sem tempo, pergunto-me até quando me esperarão.



Tela de Ingrig Tussell - Pintora Espanhola.
Óleo sobre tela (80x80 cm)

Teresinha Oliveira.
Terê Oliva
http://tereoliva.blogspot.com.br


































































































       







2 comentários:

Vinicius.C disse...

Olá boa tarde!

Estou navegando por tudo, vi seu blog em blogs de amigos em comum.

Voltarei com calma!

Espero que venha a conhecer o Alma!

Beijo

AFRICA EM POESIA disse...

Teresinha
Juntas vamos fazer que o rio seja Magia.

adorei a tela...
Um beijo