Que ser mais sem sentido sou eu, hesitante criaturinha Perdida nas luzes da própria sina que traço sem talento. Que tanto, vez em quando, penso ser; e nada sou De concreto nesta vida tão curta que se esgota Mais rápido do que consigo, de mim mesma Fazer algo que valha por aqui ser recordado,
Mais rápido do que seca minha lágrima vã.
Tanto tenho cá por dentro... Isso sei. Poucos sabem e para ninguém conto, dona de aziagas cismas. Ou isso só julgo e imagino porque faz bem Para a alma capenga que dispensa muletas por atrapalhar o passo E retardar o voo pelos veludos do sonho. Porém, na crua realidade, não a que suponho existir no erro de viver Não sou, nem ultrapasso o além do humano blefe de Deus.
Mulher comum, prepotente que ao mirar os ciscos de cristal Por ser nada, ou pouco mais apenas, ali me vejo nua e fosca. A imagem não acalma, entretanto, a arritmia do destino em fogo Que me consome sem que o possa explicar.
A vida transborda em dádivas, em dogmas e neuroses quase loucas Em ânsias de mais viver, em sexo devastador, em sofismas de amor Em gargalhada final diante do embuste do espelho. ........................
Tela de William N. Montague Orpen - (1878/1931)
Pintor Irlandês.
Teresinha Oliveira. |
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