quarta-feira, 25 de abril de 2012

CISCOS DE CRISTAL.

Que ser mais sem sentido sou eu, hesitante criaturinha
Perdida nas luzes da própria sina que traço sem talento.
Que tanto, vez em quando, penso ser; e nada sou
De concreto nesta vida tão curta que se esgota
Mais rápido do que consigo, de mim mesma
Fazer algo que valha por aqui ser recordado,

Mais rápido do que seca minha lágrima vã.

Tanto tenho cá por dentro... Isso sei.
Poucos sabem e para ninguém conto, dona de aziagas cismas.
Ou isso só julgo e imagino porque faz bem
Para a alma capenga que dispensa muletas por atrapalhar o passo
E retardar o voo pelos veludos do sonho.
Porém, na crua realidade, não a que suponho existir no erro de viver
Não sou, nem ultrapasso o além do humano blefe de Deus.

Mulher comum, prepotente que ao mirar os ciscos de cristal
Por ser nada, ou pouco mais apenas, ali me vejo nua e fosca.
A imagem não acalma, entretanto, a arritmia do destino em fogo
Que me consome sem que o possa explicar.

A vida transborda em dádivas, em dogmas e neuroses quase loucas
Em ânsias de mais viver, em sexo devastador, em sofismas de amor
Em gargalhada final diante do embuste do espelho.
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Tela de William N. Montague Orpen - (1878/1931)

Pintor Irlandês.


Teresinha Oliveira.

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