quinta-feira, 12 de abril de 2012

PEGADAS NOS LENÇÓIS

Ébrio de uísque e conceitos da vida falou
Como sábio filósofo grego, sobre a pedra da solidão
Fadado a um silogismo de três erros.

Plantou flor trepadeira de espinhos

 Nos muros baixos que o cercavam
Entre rachaduras amou, sem promessa, sem ternura.

Com suas guerrilhas o amor transpassou:
O salário ralo que ao trabalho não paga
Não dá para o pão, o teto e o depois.

O vermelho do sinal, do sangue, o apito do guarda, o pé engessado
A oração inútil na fé perdida por um Deus imóvel
As misérias do mundo, os políticos corruptos.


As crianças sem chance, as crianças da guerra, as crianças da fome

Os amantes assassinos e suicidas em seu querer de formol
As mãos, as hárpias, o Papa, a primeira página do jornal.


Fincou pé ante a tolice de amar, pulsar fina réstia de paixão
Se negou aos beijos nas línguas
Ao toque na face de barba mal feita, arranhões da libido quente.



Deixou pegadas para o longe nos lençóis  
Sujos de sêmen pelo chão
 Lençóis do armário das extraviadas décadas.


Nem poesia bonita se fez
Com a verdade roubada do cofre de segredos
Onde só um sorriso, estampado de riso restou.
.........


Tela de Adriaen Brouwer - (1605/1638)
Pintor Holandês.



Terê Oliva

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