domingo, 22 de abril de 2012

DIA DO BEIJO II

James Jabusa Shannon - (1862/1923)
Pintor Americano.
O Beijo se comemora. 
O dia da festa, sem que ninguém ansiasse ou nele pensasse, chegou.

Miklos Barabas - (1810/1898)
Pintor Húngaro.


O Beijo ganhou um círculo vermelho no calendário sem se saber o porquê. 
Dia esdrúxulo, que um sujeito sem mais de útil a fazer, escolheu
No céu da boca
De mulher amante ou moça namorada. 

Edward Frederick Brewtnall - (1846/1902)
Pintor Britânico.


O Beijo decisivo
Do poeta, ou do político, ou do carinhoso compulsivo 
Escolheu um dia inteiro só para si. 
Daqui a pouco vira até feriado...
Entretanto ninguém viu, ao menos prestou atenção, na assinatura ilegível sob a romântica invencionice.

Francesco Hayez - (1791/1882)
Pintor Italiano.



O Beijo é caminho, logo depois da esquina do olhar.
Degustação de um amor que poderá vir a ser. 
Muitos lábios se perdem, ao passearem lépidos sem rumo 
Seguindo setas de emoções rasas.

Pietro Antonio Rotari - (1706/1762)
Pintor Italiano.


O beijo dos dóceis sonhadores, na deserção do desejo se oculta.
Na timidez se guarda, apesar de sedento.


Não os furtem daqueles que os anseiam e deles são dignos.
Daqueles que passam noites no claro da lua a imaginar 
O sabor da saliva e a textura dos lábios desse amor fugidio.


Walter Dendy Sadler - (1854/1923)
Pintor Inglês.


O beijo rejeitado calcifica. 
Torna-se sal de desdém que por anos azeda a boca 
Com o gosto do beijo sem uso.

O outro, que dele se esquivou, por já sabê-lo sem gozo ou motivo
Não encontra argumento que destrua a lógica louca do beijo insistente. 
Não ser amado é incompreensível, não ser beijado grave injúria.
John Everett Millais - (1829/1896)
Pintor Inglês.



O Beijo veste sua roupagem de gala nos grandes momentos.
Permanece inesquecível no cetim, no laço de fita que o prende
 Mesmo quando não passa de um frescor no quase.


Georgy Kurasov - (1958)
Pintor Russo Contemporâneo.


O Beijo pode ser traiçoeiro.
Serpentes e tesouras
 Armaram alçapões através dos séculos da humanidade.
Marias e Josés exibem sua marca na face
Sem aprender a lição.

Pio Ricci - (1850/1919)
Pintor Italiano.



O Beijo guardado a sete chaves
No amor que se esconde em areias movediças
Sofre as penas no seu gueto, sem tentar.


Nada se conclui ante o pânico da rejeição.
 Os beijos desperdiçados
 Com suas pegadas de arrependimento frio
Perseguirão o covarde pelas bocas fáceis
Com a memória da outra.

Michael Parkes - (1944)
Pintor Americano nascido na Espanha.
Contemporâneo.


O Beijo é pássaro de asas longas
 Que dá rasantes  no alvo para conhecer seu destino. 
Algumas vezes faz ninho.
Outras, se vai e nunca mais volta
Para o cio de plumas com o qual não comungou.
Alada fuga sem rastro, azeda saliva.


Nathan Brutsky - (1963)
Pintor Ucraniano Contemporâneo.



O beijo pedinte e maltrapilho 
Que sobe no carrossel das ofertas vazias
Por pouco não vira bocejo
Nas bocas contempladas. 


Ferdinand Waldmüller - (1793/1865)
Pintor Austríaco.


O beijo, talvez o definitivo, o que rende flor e fruto 
É aquele que se promete 
O que se guarda atrás de um sorriso de dúvida. 
Quando se dá, não satisfaz
Não um, nem dois, nem mil.
Por ter sabor agridoce de futuro
É melhor do que jamais se imaginou.

Teresinha Oliveira.

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