sexta-feira, 13 de maio de 2011

QUANDO 1+1 É IGUAL A 18

Não sou amiga dos gatos, bicho arredio e complicado que você nunca sabe o que pensa ou o que sente. 
Um engraçadinho cujo nome não me recordo dizia:  "Prefiro os gatos aos cães porque não existem gatos policiais". Eu porém, como não tenho nada contra os policiais já que todos os crimes que até hoje cometi foram perfeitos, sempre optei pelos cães.
Mas a vida prepara surpresas, e como no fundo toda mãe também é meio bicho irracional que lambe filhote e acata os caprichos da cria, caí nessa armadilha. Não por outro motivo passei a aceitar a companhia dos gatos tanto quanto a dos cães.
Responsabilizo essa transformação à chegada da primeira gatinha persa em minha tranquila rotina canina. Veio de longe, linda, com sua pelagem branca escovada, olhos azuis, e um jeitinho de bebê que quase me adoçou o coração. Coração que sempre foi mole quando necessário era dizer não a filho. Mas por distribuí-los tantos, irrevogáveis, achei melhor poupá-los nessa questão pueril e reservá-los às decisões maiores.
Batizamos tão alva criatura como Vênus, a deusa do amor. Nome perfeitamente adequado à gata de estirpe que renegava seu berço ao se envolver com qualquer plebeu da vizinhança. Amava sem medida ou cuidado, desfilando pelos telhados e árvores com os gatos sem eira nem beira, sem casa, sem dono. 
Meses depois, dentro do meu grande vaso de cerâmica marajoara, uma de minhas peças mais queridas, nasceram seis bastardozinhos. Todos feios, magrelos, manchados, sem a beleza aristocrática da mãe, que permanecia passeando pelos meus cômodos como se ali fosse o Olimpo.
Não demorou muito, cresceram, e procriaram.
Num desses partos, de generosa prole, a gata estrebucha no meio de sangue, placenta e mais no que não sei, pois me afastei o mais rápido que pude desse escatológico cenário. Minha filha, a que começou toda essa confusão, enrola a gata numa colcha e a leva, no meu carro, para o veterinário mais próximo. Nesse momento, cruelmente, pensei ter me livrado de pelo menos alguns indivíduos. Mas qual!
A competência do doutor salvou a todos, que retornaram saudáveis à casa materna, a minha. Para os que me julgarem insensível digo: quem pagou a conta da consulta e da cirurgia fui eu. Ah, quem lavou o carro, com cheiro insuportável de gato molhado também fui eu.
Sou uma pessoa tolerante e compreensiva, mas quando a última gota caiu ao me ver hospedando  dezoito gatos em casa, saí distribuindo gato para todo lado. Afinal, amigo é para essas coisas.
Preferiria dá-los aos inimigos, mas como não tinha nenhum...
Com certeza, depois dessa farta distribuição, conquistei alguns.


Ilustração de Doronina Tatjana - Cazaquistão
Terê Oliva






6 comentários:

Um brasileiro disse...

oi. estive por aqui dando uma olhada. interessante. gostei. apareça por lá. abraços.

Anônimo disse...

Terezinha eu adoro gatinho.
Meu sonho é um dia poder criar um no meu Apartamento.
Adorei esse post, a Vênus tem tudo haver com o nome. Aliás gato é o feminino. Bjs Cynthia

Olhar o mar disse...

Quero, um dia, dizer às pessoas que nada foi em vão...
Que o amor existe, que vale a pena se dar às amizades e às pessoas, que a vida é bela sim e que eu sempre dei o melhor de mim...

e que valeu a pena.

Você escreve lindamente e sente-se sua sensibilidade na sua escrita e nos livros que escolhe. Me sinto grato por um dia ter parado no meu blog e ter lido algo que escrevi, Me levantou minha moral e me deu apoio para seguir escrevendo
Obrigado e um optimo fim de semana para vc e todos seus amores.

Non je ne regrette rien: Ediney Santana disse...

Tenho duas gatas, esses felinos são mais parecidos com gente que os cachorros, há muita gente com o espírito solidário dos cachorros, mas com certeza a maioria é espírito não de porco, mas de gatos

Maria Rodrigues disse...

Amiga eu gosto de cães e de gatos, mas o animal de estimação que tenho é um coelhinho, que é o "aí Jesus" da familia. É um bichinho muito simpático e que gosta muito de festas.
Tenha uma excelente semana plena de alegria e paz.
“Se cada um dos seus dias for uma centelha de luz, no fim da vida você terá iluminado uma boa parte do mundo.” Osho
Beijinhos
Maria

Jorge Sader Filho disse...

Pois na minha casa já teve gato e cachorro bassê.
Comiam juntos na mesma tigela.

Carinho,
Jorge