terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

CHRISTINA.

  Minha amiga. 
Longe nos dias, mas paralela pressinto.  
Extensão preparada pela sorte
Distante milhas, quilômetros, anos-luz...
Minutos perto para a vontade
Que se muna de real precisão.
Mas por hora, inacessível ao toque
Ao trejeito do olhar que tudo revela
Sem necessária palavra.
Fisionomia desconhecida
Gorda ou magra, feia ou bonita
- Essas gracinhas do tempo -
Com óculos fora de moda
Talvez modernas lentes.


Minha amiga.
Nos densos momentos de alma a ruir
Lembrada não ombro de inércia, consolo
Mas catapulta.
Lógica matemática sempre útil.
Sabedoria a me conter
Razão contra minha emoção pura.
Saudade bem guardada
Em algum canto da memória, desocupado
Onde cabe um piano, um cão, uma lareira.
Xícaras de chá com rum a nos esconder do frio
Um pai, uma mãe, um irmão
Europa, histórias de guerra, estranhos temperos.


Minha amiga.
A vida nos cobra pressa
O trabalho, eficiência.
E os filhos, ah, os filhos...
Pobre de nós mulheres grávidas
Por toda a existência grávidas
Sem saber como da barriga, grilhão de mel e fel
Nos libertar, encontrar um naco de tempo sem função.
Assim seguimos nós, cada qual com seu jeito no viver escolhido
Dádivas ou açoites, não se contou ainda
Mas quem sabe...
Quando o acaso ou o desejo nos reencontrar.


Tela de Julie Y Baker Albright.


Teresinha Oliveira -(1995)

2 comentários:

Ana Cecília Moura disse...

Certeza de que a tal se quedaria aturdida com tamanha homenagem.
"Barriga grilhão de mel e fel" foi GENIAL. Às vezes mais um que outro.

Não tens como reencontrá-la? Quem sabe, chá com rum à espera das conversas adiadas?

Renata Fagundes disse...

a falta que nos faz palavriar com nossas amigas

seja sempre bem vinda Terezinha
coisa boa é vc por perto

beeeeeeeeeijo