sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

LEOA DE UNHA QUEBRADA.




     Se as estrelas do céu me regem, por que me forjaram fraca e de carne mole
     Como minha constelação contradiz? 
  Por que  desvio dos algozes, dos canalhas  
Abdico  da doce vingança  que saciaria meu hálito seco 
Desataria meu estômago em nó ? 

     Sou felina, filha do calor
Nascida nas planícies sem solução de uma África branca.
Ainda assim prefiro o conforto das almofadas e o pires de leite
Que qualquer fome prudente sacia.
Vivo e gozo sozinha na maciez de uma frondosa tristeza 
Que em sua sombra acolhe o ser que do sol se esquiva 
Por temer a luz de novos desatinos.

      Finjo rugir, mas ronrono na surdina por desprezar o barulho das lutas. 

Me paralisa a violência e me estanca o sangue essas quinquilharias do viver.

                           
                                                   Tela de Michael Parkes
                                                             The Last Lion 

                                                        Teresinha Oliveira


                                                     Terê Oliva - http://tereolivablogspot.com.br