Eu queria ser homem para cultivar cerrada barba
Fumar cachimbo num canto de bar
Sem necessária companhia, no anonimato do canto
Com liberdade para a todas observar.
Eu queria ser homem para não ter horários
Na noite que nunca cresce
E sorvê-la em mulheres diversas
Com cabelos e perfumes sempre renovados.
Eu queria ser homem para prescindir do dom
Do perdão, da delicadeza que enfraquece o ato
Sem perceber cada detalhe que na amante se revela
Oculto pelo gesto, pelo desvio de olhar.
Eu queria ser homem para não gerar lágrimas
No meu âmago, seco em ternuras
Onde o amor é mero apêndice
Para outros percursos desviado.
Eu queria ser homem para me gastar à vontade.
Eu queria ser homem para ser amado. ................................................................................
Fumar cachimbo num canto de bar
Sem necessária companhia, no anonimato do canto
Com liberdade para a todas observar.
Eu queria ser homem para não ter horários
Na noite que nunca cresce
E sorvê-la em mulheres diversas
Com cabelos e perfumes sempre renovados.
Eu queria ser homem para prescindir do dom
Do perdão, da delicadeza que enfraquece o ato
Sem perceber cada detalhe que na amante se revela
Oculto pelo gesto, pelo desvio de olhar.
Eu queria ser homem para não gerar lágrimas
No meu âmago, seco em ternuras
Onde o amor é mero apêndice
Para outros percursos desviado.
Eu queria ser homem para me gastar à vontade.
Eu queria ser homem para ser amado. ................................................................................
Trocando ideias com Mário de Sá Carneiro (1890-1916)
Poesia: "Feminina".
Tela de Rafal Olbinski
Teresinha Oliveira.
Poesia: "Feminina".
Tela de Rafal Olbinski
Teresinha Oliveira.
4 comentários:
Adoro Sá Carneiro.
Adorei!
http://chegadessaudade.blogspot.com/search/label/M%C3%A1rio%20de%20S%C3%A1-Carneiro
Desse eu lembro! Depois coloco o link do poema dele para a releitura e intertextualidade ficar mais clara...
"Eu queria ser homem para prescindir do dom
Do perdão, e da delicadeza que enfraquece o ato" - GENIAL.
Essas coisas de link deixo para você, esperta e moderninha. Sou da época da caneta tinteiro, (Ai, que saudade dos meus bordados caligráficos!) Beijos.
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