Passei por lá e comecei a ler, a ler e ler. Vejo-me colhendo frutas, cada qual mais doce, e mesmo dos textos ácidos escorre-me um sumo prazerozo pelo canto da boca. Ou então pego flores quando os escritores suavizam e me deixam respirar melhor.
Sempre volto com minha cesta transbordando.
Sempre volto com minha cesta transbordando.
Escolhi essa mocinha acima para enfeitar o recado, porque o Kundera revolveu terrenos movediços, e a alegria sempre é uma corda confiável para se escapar deles.
Pobre bruxinha sem espelho! Ela quase crê no que o Senhor Mago, de mente estropiada, lhe conta das coisas do reino e cercanias. Porém sábia, graças à convivência com alguns pensadores que por lá filosofaram, encontra uma passagem secreta nesse castelo em ruínas e dele escapa.
Ele, seguro do poder da miséria e da infelicidade que o sustentam, e que espalha em rosa dos ventos por seus domínios para garantir o cetro e o trono de pés quebrados, prossegue irredutível nesse território de espinhos.
Quem escapa rindo dessa história é o Bobo da Corte, que tudo vê e compreende, e sai saltitando pelos quartos por não restar nada mais a fazer.
Teresinha Oliveira.
3 comentários:
"e sai saltitando pelos quartos por não restar NADA mais a FAZER".
no desespero, deveriam fazer o mesmo.
E assim o fizeram...mas sem o desespero,apenas com a calma do inevitável.
Escorrer prazer dos textos ácidos? Ô masoquismo! rs
Brincadeiras à parte, o dom de extrair beleza da miséria (cotidiana, afetiva, financeira) é para poucos.
A alegria é mesmo uma arma contra a dor, embora "vezenquando" não consiga dar conta do recado. Concordo qdo o Carpinejar diz que "a alegria emburrece". Prefiro a escrita doída, os filmes analisáveis, os papos-cabeça.
Esperto mesmo, é claro, é o Bobo da Corte, pq descobriu a tempo que a fantasia sim é território seguro (?) contra o "território de espinhos".
Que imagem!...
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