sábado, 17 de setembro de 2011

ASAS DO PERDÃO

Curar as feridas, cerzir os cortes
Arrancar os olhos
Beber cachaça...
Se fazem urgentes as medidas
Para a sanidade restaurar
No coração enlouquecido
Que só por vingança ainda teima
Pulsar o sangue, venoso sempre.
As células de ira enrijecidas
Cada uma, agente na espreita
De brecha para revanche
Real causa de vivas continuarem
Compondo o corpo todo.

Nem que sejam necessários séculos
Reencarnações
Um dia...
Depois da devastação que varreu
Uma alma serena
Enfim nascerá claro e limpo.
A angústia nas águas do perdão será lavada.
Não perdão comum, a esmo oferecido
Em troco de réles ofensa.
Mas o perdão fecundo
Que atenua o imperdoável, esquece o inesquecível
Resvala no impossível
Ante a dor que arrancou pedaço
Hospício, assassinato, suicídio.

Perdão que purifica
Trazendo nas asas outro destino.


Tela de Gustave Adolphe Mossa -(1883/1971)
Pintor Francês

Terê Oliva - 1996

Um comentário:

Anônimo disse...

Depois da devastação que varreu
Uma alma crédula e serena
Enfim nascerá claro e limpo


peeeeeeeeeerfeito