quinta-feira, 8 de setembro de 2011

LÁPIS, CANETA, BATOM...

O lápis acabou-se
De tanta ponta fininha em mais fininha com que o depuro.
A caneta sem tinta foi para algum canto de nunca mais.
Desisti de outra procurar
Madrugada não é hora para certos encalços.

Tinteiros e penas há séculos não mais se usa.
Tempos modernos não mancham as mãos dos poetas.
Nanquim já pensei para bordar letra bonita
Mesmo que nada diga, só em beleza se estampe
Magra, com curvas e retas perfeitas como a geometria ordena.

Busco cores em lápis que desapareceram
Pelas mãos das crianças que aqui nos domingos passeiam.
Óleos, guaches, pastéis, há muito secaram em seus vidros e tubos
Pincéis também não há. Só me resta o batom, mas a isso me recuso
Escrever em espelho lembra filme de diretor sem talento.

Abandono a página à própria sorte
Incólume, branca como a manhã que chega.
Espanto a poesia e vou dormir.


Tela de Cayetano Arquer Buigas
Pintor Contemperâneo Espanhol.

Teresinha Oliveira.

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