No pergaminho em letras góticas rabiscada
-Fio de cabelo de moça virgem, unha de dragão, mel da mais distante colmeia, pó de asa de querubim ou de osso de serafim-
Sentou-se em seu banco tosco e, mastigando fiapos de palha
Da sua velha vassoura pôs-se a pensar.
No rodopiar mágico de esquecida juventude
Trançou entre os dedos novas bruxarias.
Escolheu algumas palavras encantadas
As mais bonitas ante seus olhos de pouca luz
Num arco-íris do céu tingido, e colocou-as todas
Trançou entre os dedos novas bruxarias.
Escolheu algumas palavras encantadas
As mais bonitas ante seus olhos de pouca luz
Num arco-íris do céu tingido, e colocou-as todas
No caldeirão de prata, relíquia de família
A ferver em fogo brando e tempo contido
Até perder a consistência e virar vapor da mistura.
Cada uma
Formosa, com floreiras nas sílabas ainda esfumaçadas
Na fronte de um poeta pousou, gota de pássaro
Para ali cantar cantigas de amor.
As palavras enredaram com seu dom místico
Tal homem que à beira do regato no bosque perto dormia
E nas névoas do sonho as viu e escutou.
Apaixonado, sem nem ainda o saber, em um só gole bebeu-as
Nos cílios da jovem que ao seu lado, sobre a grama descansava.
Entre abandonos ela ao seu encontro se movia
Até então alheia ao amor que esperava seu acordar
Com sua cesta ao colo, cheia de vida nova
Que o poeta passarinho em versos logo escreveria.
Amor que a feiticeira quase fada
Para os dois cozera no velho caldeirão de prata.
Tela de Anne Bachelier - (1949)
'Fleur-Songes'
Pintora Francesa.
Terê Oliva
http://tereoliva.blogspot.com.br
As palavras enredaram com seu dom místico
Tal homem que à beira do regato no bosque perto dormia
E nas névoas do sonho as viu e escutou.
Apaixonado, sem nem ainda o saber, em um só gole bebeu-as
Nos cílios da jovem que ao seu lado, sobre a grama descansava.
Entre abandonos ela ao seu encontro se movia
Até então alheia ao amor que esperava seu acordar
Com sua cesta ao colo, cheia de vida nova
Que o poeta passarinho em versos logo escreveria.
Amor que a feiticeira quase fada
Para os dois cozera no velho caldeirão de prata.
Tela de Anne Bachelier - (1949)
'Fleur-Songes'
Pintora Francesa.
Terê Oliva
http://tereoliva.blogspot.com.br
3 comentários:
poeta passarinho e feiticeira quase fada :)
Gostei da imagem.
Nossa você tem bastante inspiração.
Bem profunda a mensagem da poesia.
"cesta cheia de vida"
Legal.
Eu gosto muito do Picasso, mas troquei a imagem por uma mais delicada. Veja lá.
Abraço!
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