Quero um amor que condense a paz de todos os pássaros
A alegria de um moleque que rouba fruta no quintal do vizinho
É o rei do pião, e faz pipas de toda cor só para enfeitar o céu.
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Quero um amor sem dia, sem noite, sem momento escolhido
Com tempo a toa para espreguiçar nas horas
Gastando seus olhos no olhar que me devassa e recompõe.
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Quero um amor que brinque suas mãos aladas, leves
Em meu corpo sem obstáculos. E descubra veredas outras
Que até então, o prazer me segredava.
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Quero um amor sutil, encantado de sapos e beijos
Como nem nas histórias de fadas jamais existiu.
Encabulado no jeito sem jeito, tentando conter a emoção
O rubor que na face se espalha por tanto sentir.
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Quero um amor que caminhe descalço em pedras, rios
Pontes, trilhas, campos, tundras, por todo lugar.
E arco-íris desenhe para de mãos dadas nos irisados feixes
Passear comigo sem eco de qualquer pensamento.
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Quero um amor viajando ao meu lado no apito de um trem
Numa onda de mar, no cheiro de um pão quente, nas asas da ave que migra.
Gigante com força serena que espane das nuvens a solidão e o tédio
E brisa criança, minhas saias levante para me descobrir os segredos.
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Quero um amor com gosto de licor de hortelã bebido à tardinha
Entre risos e gestos contidos, com receios da ternura espantar.
Que não fale nada de importante, nada explique
Simplesmente por não ter nada a explicar.
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Quero um amor risonho, bem humorado
Que ancore nos confins de um oceano distante a lágrima possível.
E me leve a provar o sabor que a boca da noite conserva entre lençóis
Por seu hálito impregnados na suavidade do cetim.
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Quero um amor para gastar devagarinho
Em cada minuto roubado do tempo de não amar.
Vadio sentimento, fresco como água de rio
Que encostado numa árvore, a me esperar não se importe
Mesmo se eu nunca o encontrar.
Tela de Pal von Szinyei-Merse (1845/1920)
Pintor Húngaro.
Teresinha Oliveira.
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