O que faço aqui nessa vida é pergunta que me acerca
Antes mesmo do primeiro beijo, das praias, dos livros
Antes de Fernando, de Nietzsche, de Wilde, de Austen...
Antes mesmo de ser eu.
Alva ou negra, talvez gris, gris quase certo
Porque nem a cor que me tinge com força defino.
Responderei depois, entre névoas de um lugar novo
Definitivo, sem curvas de retorno.
Se nesse azul cinzento tateio e pouco
De mim mesma conheço, boa ou má
-Ah! Como quisera que essa escolha fácil assim o fosse-
O que posso ler no olhar do outro
Ao me encarar gasta, já com tanto decidido?
Deixo bilhetes, flagrantes e outros sinais
Disfarçados nas árvores que plantei.
Nelas guardados, orquídeas, bromélias
Jardins onde quebrei unha e sorri com flor
Muito revelam enquanto murcho.
Escrevo poesias onde minha emoção
Usa o eu que em mim serpenteia.
Cobra da qual não consigo cortar a cabeça
Extirpar as entranhas e ali, oráculo
Desvendar os mistérios do verso.
Os livros, muitos, sujos de café, gordura
Das cinzas dos cigarros que fumo
Em seus grifos que sem cuidado
Das páginas transbordam
Contam de mim muito mais do que
Qualquer palavra dita.
Meus cadernos até a última página escritos
Com minha letra bonita, em grafite desenhada
Para marcar presença e lembrança
Deixa em toda dúvida com que a vida me cerca
Uma fonte inesgotável de amor para a resposta final.
Tela de George Baxter - (1804/1867)
Pintor Inglês.
Teresinha Oliveira.
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